Psicoterapia infantil como prevenção faz sentido?
- Renata Begosso

- 20 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jun.
Com frequência, pais e responsáveis se questionam quando é o momento certo de buscar terapia para seus filhos. A resposta que sempre dou é: quando notarem a presença de sofrimento por parte dos pequenos ou quando perceberem que algo não vai bem.
Surge, nesse momento, outra dúvida: "como saber quando algo não vai bem com meu filho?" Ora, sobre isso, você pode ler mais nesse post aqui.
Outros pais costumam perguntar se podem buscar psicoterapia mesmo quando os filhos não apresentam nenhum sintoma. Vejo que essas famílias são bem intencionadas e só querem cuidar de suas crianças. Mas, precisamos nos perguntar se esse é mesmo o melhor caminho.
Para nos ajudar a pensar, façamos um paralelo com a psicoterapia de adultos: quando um adulto procura um psicólogo, por quê o faz? Normalmente, porque está se sentindo de algum jeito que tem lhe incomodado e precisa de ajuda (seja com ansiedade, tristeza, angústia etc), ou porque está acontecendo algo difícil em sua vida, ou porque percebe algum comportamento ou atitude em si que gostaria de mudar, entre outros motivos. Até mesmo quando um adulto procura ajuda profissional pela via do autoconhecimento, é porque existe um desejo dentro de si para a busca de algo novo.
Ou seja, quando falamos de psicoterapia, estamos falando em mudança.
Voltemos a pensar na clínica da infância: uma criança não procura um psicólogo sozinho, um adulto precisa fazer isso por ela. Tomar essa decisão não é fácil e dá medo de errar.
Procurar um psicólogo infantil antes da hora não trará benefícios para seu filho, por mais que você tenha boas intenções.
E por quê?
Como vimos com os adultos, a psicoterapia é sobre mudanças: olhar de perto para as queixas, para o que está sendo difícil ou doloroso, e encontrar novas formas de existir no mundo para poder levar a vida de uma forma mais leve.
Se uma criança não tem uma queixa ou uma dificuldade, o que acontece então?
Quando entramos em uma lógica de “vou levar meu filho nesse profissional para evitar que ele precise mais para frente” sem que ele tenha necessidade daquilo naquele momento, corremos o risco de que a criança seja super exigida em relação a aquisições que fazem parte de seu desenvolvimento. E é essa super exigência antes da hora que pode fazer com que a criança venha a desenvolver problemas no futuro.

Pensemos juntos: a infância é o tempo do desenvolvimento. Esse desenvolvimento acontecerá naturalmente se a criança tiver acesso a recursos para que ele aconteça: acesso a um ambiente amoroso, acesso à educação, à socialização com outras crianças, ao brincar lúdico.
Existe uma grande diferença entre buscar um psicólogo infantil sem queixas e perceber os primeiros sinais de sofrimento para buscar ajuda, sem esperar que “o tempo conserte tudo”.
Essa é uma linha tênue e, se você está sentindo dificuldades em saber quando procurar ajuda profissional para seu filho, entre em contato.
Não é apenas quando a criança sofre que um psicólogo infantil pode ser acionado. Se você é mãe, pai ou cuidador de uma criança e sente que precisa de ajuda, conte comigo.



