Afinal, crianças sofrem?
- Renata Begosso

- 20 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jun.

Falar sobre o sofrimento infantil é um assunto delicado. Não só porque existe uma falsa ideia popular de que crianças seriam apenas ingênuas e nada mais (logo, não sofreriam), ou que não absorveriam o que é dito entre adultos (os "café-com-leite" da equação"). Mas também porque é um tema complexo.
A infância é o tempo da constituição da criança, da aquisição de diversos recursos e habilidades. Devemos lembrar que a infância não se trata apenas do desenvolvimento motor, cognitivo e da linguagem, mas também do desenvolvimento psíquico.
O cérebro de uma criança pequena se caracteriza por uma grande plasticidade, principalmente nos primeiros anos. O que isso significa? A criança está mais “permeável” ao que acontece à sua volta. Para que ela se desenvolva, precisa do investimento de seu meio. É a partir da interação com os outros que seu potencial psíquico e biológico será (ou não) desenvolvido.
Muitas vezes acreditamos que, como não possuímos recordações da infância, o que transpassa durante a vida dos pequenos não seria tão importante. Porém, é justamente o contrário: os acontecimentos podem deixar marcas na vida das crianças.
Como prezar por uma infância saudável?

A maneira com que as crianças elaboram o mundo é pelo brincar. Elas colocam suas fantasias em objetos concretos, lançam possibilidades e diferentes respostas à família, à escola, à sociedade e ao futuro: “e se, e se, e se…”, ou ainda: “quando eu era…”.
Assim, elas tornam-se autoras de suas brincadeiras, podem elaborar o que ocorre em volta delas sem se responsabilizar pelas consequências de seus atos, já que estão em um ambiente protegido: o faz de conta. Dessa forma, surgem histórias de monstros, perigos, polícia e ladrão, e o que mais precisar aparecer.
Não é sobre brinquedos caros, e sim pela possibilidade do fantasiar. Inclusive, fica a dica: os melhores brinquedos são aqueles que despertam a imaginação e a criatividade.
Também não se trata de encontrar culpados pelo sofrimento das crianças, e sim ajudá-las e atravessar os impasses que encontrarem. A infância é uma fase complexa da vida e que traz desafios tanto para os pequenos quanto para seus responsáveis. Por isso, é preciso se atentar aos sinais que elas apresentam.
Sinais de sofrimento infantil:
Questões fisiológicas sem causa aparente, como dores de barriga, dores de cabeça;
Dificuldades escolares ou de socialização;
Dificuldades alimentares;
Mudanças bruscas no comportamento: apatia, irritabilidade, perda de interesse por brincadeira, entre outros;
Dificuldades emocionais ou comportamentais persistentes;
Verbalização de medo intenso, tristeza profunda ou desvalorização de si mesma.
O que observamos nas crianças é que, muitas vezes, elas manifestam comportamentos e atitudes como sinais de que não estão bem, pois ainda não têm recursos para verbalizar.
O trabalho a ser realizado em psicoterapia vai além de simplesmente eliminar aquele comportamento, mas também ajudar a criança a se fortalecer e a se relacionar melhor com o mundo e consigo mesma.
Se você acredita que seu filho pode pode estar sofrendo, ou se tem dúvidas do que está acontecendo com ele, entre em contato. Ficarei feliz em te ajudar.



